sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Fim de Ciclo
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Encontro de 23 de outubro: a meditação natural e ininterrupta
O texto base para a prática desta semana é o Shiva-sūtra, 3.27, que trata da descrição da consciência do yogue. Algumas sugestões são dadas com o intuito de proporcionar o estado de presença e de atenção. Dentre elas, a sincronização da atividade respiratória com o pulsar do universo. Faz-se tal ato por meio da percepção do mantra que é entoado espontaneamente a cada instante em que a vida se manifesta: o mantra Haṁsaḥ.
O material de apoio, com as traduções, pode ser visto em:
http://www.om.pro.br/grupodeestudos/estudosdeyoga-23102009.pdf
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Encontro de 16 de outubro de 2009 - A integração do denso, sutil e transcendente
O atual ciclo de estudos percorre algumas das práticas meditativas sugeridas pela tradição tântrica do Shivaísmo da Caxemira.
Realizamos duas práticas baseadas no reconhecimento de que estamos situados simultaneamente nos níveis denso, sutil e transcendente. O sūtra 4 do Shiva-sūtra, com o comentário de Kṣemarāja, foi a base de nosso estudo e prática meditativa.
O material de apoio, com as traduções, pode ser visto em:
http://www.om.pro.br/grupodeestudos/estudosdeyoga-16102009.pdf
sábado, 10 de outubro de 2009
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
O relato da revelação dos Sutras de Śiva
Eis que aqui, neste mundo, o excelso preceptor Vasugupta, a quem a grandiosidade [divina] foi revelada por meio da união com o super-supremo Śiva, que visa a instrução de todos, recebeu uma orientação da vontade do Venerável, durante um sonho, vinda da montanha do grande deus e encontrou os sūtras de Śiva, mais do que secretos, grafados sobre o grande monte. Ele reuniu e apresentou os cinquenta e um versos sob uma unidade que demonstra uma experiência direta dos āgamas, com profundidade e com clareza.
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iha hi viśvānujighṛkṣāparaparamaśivāveśonmīlitamahimā śrīmānvasuguptācaryo mahādevaparvatād bhagavadicchayaiva svapnopalabdhopadeśaḥ mahāśilātalollikhitāny atirahasyāni śivasūtrāṇy āsādya prasannagambhīrair ekapañcāśatā ślokair āgamānubhavopapattyaikīkāraṁ pradarśayan saṁgṛhītavān |
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Encontro do dia 28 de agosto de 2009 (guṇa e ahaṁkāra)
A partir do elemento mahat, originado no vigor do Venerável, o ahaṁkāra – como uma potência de ação (kriyāśakti) – desdobrou-se triplamente: como vaikārika (mutável), como taijasa (ardente) e como tāmasa (obscuro), que são origem do manas (mente), dos indriya (comandos/sentidos) e dos mahābhūta (elementos grandes). Ele é conhecido como Saṁkarṣaṇa, ou puruṣa composto pela mente, sentidos e elementos, considerado o infinito (ananta), que é presenciado com mil cabeças. A qualificação do ahaṁkṛti é a agência (kartṛtva), a instrumentalidade (karaṇatva) e a objetividade (kāryatva), ou as qualidades de ser pacífico (śānta), terrível (ghora) e insensível (vimūḍha). Do vaikārika, quando este se desdobra, o elemento manas foi gerado, do qual se origina o estado de desejo, a partir do vikalpa (concepção fragmentária) e do saṁkalpa (concepção integral). Ele [manas] é conhecido como Aniruddha (indomável) e, lembrando um lótus escuro outonal, é pouco-a-pouco apaziguado pelos yogues. Do taijasa, quando este se desdobra, o elemento buddhi surgiu, como um reconhecimento para aparição das coisas, isto é, uma ajuda para os sentidos, ó virtuosa! “A dúvida, o engano, a convicção, a memória, o sono” são considerados como qualificação da buddhi, de acordo com suas funções. Os sentidos taijasa são distribuídos como ação (kriya) e concepção (jñāna), a potência da ação é a do prāṇa e a potência do reconhecimento é a da buddhi.
vaikārikas taijasaś ca tāmasaś ca yato bhavaḥ |
manasaś cendriyāṇāṃ ca bhūtānāṃ mahatām api ||24|
sahasraśirasaṃ sākṣād yam anantaṃ pracakṣate |
saṅkarṣaṇākhyaṃ puruṣaṃ bhūtendriyamanomayam ||25||
kartṛtvaṃ karaṇatvaṃ ca kāryatvaṃ ceti lakṣaṇam |
śāntaghoravimūḍhatvam iti vā syād ahaṅkṛteḥ ||26||
vaikārikād vikurvāṇān manastattvam ajāyata |
yatsaṅkalpavikalpābhyāṃ vartate kāmasambhavaḥ ||27||
yad vidur hy aniruddhākhyaṃ hṛṣīkāṇām adhīśvaram |
śāradendīvaraśyāmaṃ saṃrādhyaṃ yogibhiḥ śanaiḥ ||28||
taijasāt tu vikurvāṇād buddhitattvam abhūt sati |
dravyasphuraṇavijñānam indriyāṇām anugrahaḥ ||29||
saṃśayo 'tha viparyāso niścayaḥ smṛtir eva ca |
svāpa ity ucyate buddher lakṣaṇaṃ vṛttitaḥ pṛthak ||30||
taijasānīndriyāṇy eva kriyājñānavibhāgaśaḥ |
prāṇasya hi kriyāśaktir buddher vijñānaśaktitā ||31||
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Encontro do dia 14 de agosto de 2009 (prakṛti, kāla)
Continuando o Ensinamento de Kapila, o trecho seguinte expõe a cosmologia do ponto de vista da Prakṛti.
Obs.: nessa descrição, o tempo ocupará um papel especial no questionamento acerca da existência humana. Será ele uma cirscunstância da materialidade ou será o tempo um atributo da consciência? O ensinamento de Kapila expõe que existem aqueles que dizem que o tempo é um desdobramento da materialidade e há aqueles que o concebem como a potência do divino que é responsável pelo processo que deu início a toda a criação do cosmo. A afirmação conclusiva é que o tempo é a expressão do divino nas criaturas: o divino manifesta-se internamente como consciência e externamente como o tempo. Entenda-se aí o tempo como aquele que promove a mutabilidade das formas, a transformação, o nascimento, a morte, o nascimento, a transformação, etc.
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Kapilopadeśaḥ (2.9-14)
devahūtir uvāca | prakṛter puruṣasyāpi lakṣaṇaṁ puruṣottama | brūhi kāraṇayor asya sadasac ca yadātmakam ||9||
śrībhagavān uvāca | yattriguṇam avyaktaṁ nityaṁ sadasad ātmakam | pradhānaṁ prakṛtiṁ prāhur aviśeṣaṁ viśeṣavat ||10|| pañcabhiḥ pañcabhiḥ brahma caturbhir daśabhis tathā | etac caturviṁśatikaṁ gaṇaṁ prādhānikaṁ viduḥ ||11|| mahābhūtāni pañcaiva bhūr āpo ‘gnir marun nabhaḥ | tanmātrāṇi ca tāvanti gandhādīni matāni me ||12|| indriyāṇi daśa śrotraṁ tvakdṛgrasanāsikāḥ | vāk karau caraṇau meḍhraṁ pāyur daśama ucyate ||13|| mano buddhir ahaṁkāraś cittam ity antarātmakam | caturdhā lakṣyate bhedo vṛttyā lakṣaṇarūpayā ||14|| etāvān eva saṁkhyāto brahmaṇaḥ saguṇasya ha | saṁniveśo mayā prokto yaḥ kālaḥ pañcaviṁśakaḥ ||15|| prabhāvaṁ pauruṣaṁ prāhuḥ kālam eke yato bhayam | ahaṁkāravimuḍhasya kartuḥ prakṛtim īyuṣaḥ ||16|| prakṛter guṇasāmyasya nirviśeṣasya mānavi | ceṣṭā yataḥ sa bhagavān kāla ity upalakṣitaḥ ||17|| antaḥ puruṣarūpeṇa kālarūpeṇa yo bahiḥ | samanvetyeṣa sattvānāṁ bhagavān ātmamāyayā ||18||
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O Ensinamento de Kapila
Devahūti disse:
Ó, Grande Ser (puruṣottama), fale sobre a constituição da prakṛti e também do puruṣa, sobre sua causa, sobre fenômeno, não-fenômeno e essência.
O Venerável disse:
A tríade gunádica (triguṇa) imanifesta, eterna, é fenômeno, não-fenômeno e essência, considerada como pradhāna. A prakṛti é a não diferenciação como que diferenciada. Considera-se o pradhāna, ou brahman, como um conjunto de vinte e quatro partes, composto com cinco, cinco, quatro e dez. Os mahābhūta são cinco, terra, água, fogo, ar e éter. Os tanmātra têm igual número, concebidos por mim como aroma, etc. (rasa, rūpa, tvac, śabda). Os indriya são dez: audição, tato, visão, paladar, olfato, voz, mãos, pés, pênis e ânus. Mente, intelecto, individualidade e consciência (manas, buddhi, ahaṁkāra e citta) são o antarātman, cuja divisão em quatro é percebida como forma de descrição de suas funções. Esse é o cômputo de brahman com atributos (saguṇa). Eu considero o tempo (kāla) como o vigésimo quinto aspecto. Alguns consideram o tempo (kāla) como um poder relacionado ao puruṣa, de onde provém o medo dos agentes iludidos pela individualidade e identificados com a prakṛti. O tempo (kāla) é descrito como o Venerável, do qual provém a ação sobre o equilíbrio dos atributos (guṇa) da prakṛti não diferenciada, ó humana. O Venerável, pela potência construtiva (māyā) de si próprio, é aquele que se conecta ao interior de todos os seres sob a forma do puruña e ao exterior, sob a forma do tempo (kāla).
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Encontro do dia 31 de julho de 2009 (puruṣa e prakṛti)
Segundo a concepção desse tratado, que não é a visão "clássica" do Sāṁkhya, puruṣa, que é entendido como a consciência divina, aproxima-se ludicamente da prakṛti e perde a consciência de sua própria natureza. O conjunto das observações cosmológicas presentes nesse tratado pressupõem um rico universo simbólico e mitológico que nos induzem a interessantes reflexões acerca dos metas propostas pelas várias tradições do yoga e das práticas por elas envolvidas.
Do ponto de vista da relação entre as escolas filosóficas, é interessante notar também que as concepções do Sāṁkhya presentes nessa obra trazem alguma influência do tantrismo. No tantrismo, os elementos, ou "tattvas", são computados como 36 ao todo, enquanto que, no Sāṁkhya, eles somam 25. Mais do que uma divergência numérica, as diferenças estão situadas no valor, positivo ou negativo, dado aos tattvas. Enquanto que, no Sāṁkhya antigo, os tattvas identificados com a prakṛti são entendidos como alheios ao divino, no tantrismo, esses mesmos tattvas, identificados com a śakti, constituem uma manifestação do divino. Na visão do Kapilopadeśa, por vezes, os tattvas são entendidos de uma forma e, por vezes, de outra forma. Eis o início do segundo capítulo dessa obra:
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Kapilopadeśa
atha te sampravakṣyāmi tattvānāṁ lakṣaṇaṁ pṛthak | yad viditvā vimucyeta puruṣaḥ prākṛtair guṇaiḥ ||1|| jñānaṁ niḥśreyasārthāya puruṣasyātmadarśanam | yad āhur varṇaye tat te hṛdayagranthibhedanam ||2|| anādir ātmā puruṣo nirguṇa prakṛteḥ paraḥ | pratyagdhāmā svayaṁ jyotir viśvaṁ yena samanvitam ||3|| sa eṣa prakṛtiṁ sūkṣmāṁ daivīṁ guṇamayīṁ vibhuḥ | yadṛchayaivopagatām abhyapadyata līlayā ||4|| guṇair vicitrāḥ sṛjatīṁ sarūpāḥ prakṛtiṁ prajāḥ | vilokya mumuhe sadyaḥ sa iha jṇānagūhayā ||5|| evaṁ parābhidhyānena kartṛtvaṁ prakṛteḥ pumān | karmasu kriyamāṇeṣu guṇair ātmani manyate ||6|| tad asya saṁsṛtir bandhaḥ pāratantryaṁ ca tatkṛtam | bhavaty akartur īśasya sākṣiṇo nirvṛtātmanaḥ ||7|| kāryakāraṇakartṛtve kāraṇaṁ prakṛtiṁ viduḥ | bhoktṛtve sukhaduḥkhānāṁ puruṣaṁ prakṛteḥ param ||8||
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O Ensinamento de Kapila
Agora, descreverei para ti a conformação dos elementos (tattva) em detalhes. O ser (puruṣa), ao reconhecer isso, há de libertar-se. Explicarei para ti o conhecimento que dizem que rompe os nós do coração, que revela a essência (ātman) do ser (puruṣa) e que conduz ao supremo. A essência incriada é o ser, livre de qualidades (guṇa) e superior à materialidade (prakṛti). O mundo todo é conduzido por ele, que está dentro de tudo, com luminosidade própria. O onipresente (vibhu) aproximou-se ludicamente da materialidade sutil, divina e dotada de qualidades, que o recebeu casualmente. Ele, ao vislumbrar a materialidade geratriz, iludiu-se imediatamente com as qualidades (guṇa), tendo sua sabedoria velada, passando a existir como as inúmeras formas de criaturas neste mundo. Dessa forma, o ser (pumān), desejando seu outro, atribui a si mesmo a qualidade de agente, que pertence à materialidade, enquanto decorrem as ações das qualidades. Por isso, ele, que é inativo, potente, perceptivo e auto-suficiente, dota-se da criação, restrição, dependência e objetividade. Entende-se a materialidade como o princípio no âmbito do agente, da causa e da ação; e entende-se o ser, que é diferente da materialidade, como o princípio no estado de apreciação, relativo ao prazer e à dor.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Encontro do dia 24 de julho de 2009 (cakra e mātṛkā)
A prática preceituada pelo Mahānirvāṇatantra solicita que o adepto instaure nos círculos dos cakras, entendidos geometricamente como flores de lótus com um número variável de pétalas, as várias potências sonoras da mātṛkā que totalizam o conjunto pleno do cosmo. Com isso, realiza-se o que antes era apenas latência: o corpo manifesta-se como o cosmo. Sabe-se que a consciência divina habita o cosmo e, seguindo a prática, o adepto, identifica seu próprio corpo com a totalidade desse cosmo, fazendo com que sua consciência individual integre a consciência divina.
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Mahā-nirvāṇa-tantram
dhyātvaiva mātṛkāṁ devīṁ
ṣaṭsu cakreṣu vinyaset |
hakṣau bhrūmadhyage padme
kaṇṭhe ca ṣoḍaśa svarān || 113
hṛdambuje kādiṭhāntān
vinyasya kulasādhakaḥ |
ḍādiphāntān nābhideśe
bādilāntāṁś ca liṅgake ||114
mūlādhare catuṣpatre
vādisāntān pravinyaset |
ityantarmanasā nyasya
mātṛkāṇān bahir nyaset ||115
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Tantra da Cessação Grandiosa
(...) Tendo-se meditado sobre a deusa mãezinha (mātṛkā), deve-se instaurá-la nos seis círculos (cakra). No lótus do espaço entre as sobrancelhas, instaura-se o “ha” e o kṣa”. Na garganta, as dezesseis vogais. Ao instaurar do “ka” ao “ṭha” no lótus do coração, o adepto do kula instala do “ḍa” ao “pha” na região do umbigo e do “ba” ao la” no genital. Nas quatro pétalas da sustentação da base, deve estabelecer do “va” ao “sa”. Depois de instalar no interior com a mente, deve-se realizar a instauração externa. (...)
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Nota: as sequências de sons obedecem a ordem alfabética da língua sânscrita. Na condução da prática, o yogue segue, dessa forma, os sons contidos no quadro abaixo:
quarta-feira, 15 de julho de 2009
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Encontro do dia 03 de julho de 2009 (Kuṇḍalinī e Suṣumṇā)
Mais do que um exercício físico ou físico sutil, o assim chamado "despertar da Kuṇḍalinī" envolve um profundo domínio das práticas meditativas, que, em última instância, podem ser entendidas como atos que permitem, à maneira do ritualista e seu espaço ritual, gerar, no próprio espaço corporal, a manutenção da presença divina. Entenda-se por divina a potência chamada de śakti. A śakti é a Kuṇḍalinī. E a Kuṇḍalinī é a śakti. Em sentido amplo, toda forma de manifestação material é śakti, porém, sua expressão mais profunda e integral encontra-se no pulsar da Kuṇḍalinī, que pode ser vista, sentida e experimentada no próprio corpo do adepto.
O seguinte trecho do Haṭhayoga pode ajudar a aprofundar a compreensão do tema, além, é claro, de contextualizar o sentido e a função de algumas práticas presentes no Yoga.
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A Lamparina do Haṭhayoga (Cap. 3)
Da mesma forma que o rei das serpentes sustenta a Terra, com as montanhas e as florestas, a kuṇḍalī sustenta todos os sistemas do Yoga. Quando a kuṇḍalī dormente é despertada pela graça do mestre, todos os lótus e também os nós são rompidos. Então o caminho vazio torna-se a via régia do prāṇa, a mente torna-se incondicionada e acontece a superação do Tempo. Belíssima (suṣumnā), caminho vazio (śūnyapadavī), portal de Brahman (brahmarandha), grande via (mahāpatha), crematório (śmaśāna), benfaceja (śāmbhavī), caminho do meio (madhyamārga) são todos sinônimos. Por essa razão, a técnica da mudrā deve ser praticada com todo empenho para que a īśvarī, adormecida na porta de Brahman, seja despertada. Mahāmudrā, mahābandha, mahāvedha e khecarī, uḍḍīyāna, e mūlabandha, e também o bandha chamado jālandharā, viparītakaraṇī, vajrolī, e śakticālana são o grupo das dez mudrā, que abate o morrer e o envelhecer. Este é o ensinamento transmitido pelo nātha dos primórdios, almejado por todos os siddha, que proporciona as oito realizações e é de difícil acesso até para os deuses. Como uma caixa de jóias, deve ser guardado com zelo. É algo que não deve ser divulgado, assim como o deleite com uma mulher de família.
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Haṭhayogapradīpikā
saśailavanadhātrīṇāṃ yathādhāro'hināyakaḥ |
sarveṣāṃ yogatantrāṇāṃ tathādhāro hi kuṇḍalī ||1||
suptā guruprasādena yadā jāgarti kuṇḍalī |
tadā sarvāṇi padmāni bhidyante granthayo'pi ca ||2||
prāṇasya śūnyapadavī tadā rājapathāyate |
tadā cittaṃ nirālambaṃ tadā kālasya vañcanam ||3||
suṣumṇā śūnyapadavī brahmarandhraḥ mahāpathaḥ |
śmaśānaṃ śāmbhavī madhyamārgaś cety ekavācakāḥ ||4||
tasmāt sarvaprayatnena prabodhayitum īśvarīm |
brahmadvāramukhe suptāṃ mudrābhyāsaṃ samācaret ||5||
mahāmudrā mahābandho mahāvedhaś ca khecarī |
uḍḍīyānaṃ mūlabandhaś ca bandho jālandharābhidhaḥ ||6||
karaṇī viparītākhyā vajrolī śakticālanam |
idaṃ hi mudrādaśakaṃ jarāmaraṇanāśanam ||7||
ādināthoditaṃ divyam aṣṭaiśvaryapradāyakam |
vallabhaṃ sarvasiddhānāṃ durlabhaṃ marutām api ||8||
gopanīyaṃ prayatnena yathā ratnakaraṇḍakam |
kasyacin naiva vaktavyaṃ kulastrīsurataṃ yathā ||9||
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Encontro do dia 26 de junho de 2009 (Sūrya e Candra)
bramāṇdasaṁjñake dehe yathādeśaṁ vyavasthitaḥ | meruśṛṅge sudhāraśmir dviraṣṭakalayā yutaḥ | vartate ’harniśaṁ so’pi sudhāṁ varṣatyadhomukhaḥ ||6|| tato’mṛtaṁ dvidhābhūtaṁ yāti sūkṣmaṁ yathā ca vai | iḍāmārgeṇa puṣṭyarthaṁ yāti mandākinī jalam ||7|| puṣṇāti sakalaṁ deham iḍāmargeṇa niścitam | eṣa pīyūṣaraśmir hi vāmapārśve vyavasthitaḥ ||8|| aparaḥ śuddhadugdhābho haṭhāt karṣati maṇḍalāt | madhyamārgeṇa sṛṣṭyarthaṁ merau saṁyāti candramāḥ ||9|| merumūle sthitaḥ sūryaḥ kalādvādaśasaṁyutaḥ | dakṣiṇe pathi raśmibhir vahaty ūrdhvaṁ prajāpatiḥ ||10|| pīyūṣaraśminiryāsaṁ dhātūś ca grasati dhrūvam | samīramaṇḍale sūryo bhramate sarvavigrahe ||11|| eṣā sūryaparāmūrtiḥ nirvāṇaṁ dakṣiṇe pathi | vahate lagnayogena sṛṣṭisaṁhārakārakaḥ ||12||
No corpo, que é conhecido como o “ovo de brahman”, aquela que tem raios de néctar (Lua), com todas suas dezesseis partes, está sobre o Meru. Voltada para baixo, verte seu néctar dia e noite.(6) De lá, o néctar da imortalidade, dividido em dois, segue sob forma sutil e, visando a nutrição, corre como as águas de Mandāka (Ganges) pelo caminho da Libação (iḍā). (7) Ela certamente nutre todo o corpo pelo caminho da Libação. O raio da nutrição está realmente localizado no lado esquerdo.(8) O outro, semelhante ao puro leite, flui desse orbe vigoroso. A Lua penetra no Meru, pelo caminho central, visando a criação.(9) O Sol está situado na base do Meru, com a medida de doze partes. Na trilha direita, o Senhor-das-criaturas conduz seus raios para cima. (10) Ele sempre consome os raios de nutrição e os tecidos do corpo. O Sol vagueia em todo o corpo na esfera do vento. (11) Essa outra forma do Sol, posicionada no nascente, traz, na trilha direita, a cessação (nirvāṇa).
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Encontro do dia 19 de junho de 2009 (O corpo e o Meru)
Praticar o Haṭha-yoga, de acordo com os princípios mais profundos embutidos em sua visão do corpo e da corporalidade, é identificar-se com a totalidade do universo. E uma das formas de atingir esse resultado é alinhar o próprio eixo ao axis mundi.
Na seqüência, dois textos que auxiliam a compreender e a experimentar essa realidade.
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A coleção de Śiva
O soberano disse:
Neste corpo, existe um Meru ligado a sete ilhas. Há também os rios, os oceanos, os territórios e os guardiães dos territórios.(1) Há os inspirados, os sábios, assim como todas as constelações e planetas. E também as rotas sagradas, os santuários e os deuses dos santuários.((2) O Sol e a Lua, movendo-se como agentes da criação e da destruição. O espaço, o vento, também o fogo, a água e a terra.(3) O corpo possui todos os seres que existem nos três mundos. E as atividades ocorrem em toda parte, circundando o Meru.(4). Quem isto reconhece é sem dúvida alguma um yogin.
Antigüidades de Mārkaṇḍeya
Mārkaṇḍeya disse:
A Terra possui tamanho, por todos os lados, de cinqüenta milhões (de yojana), ó consagrado. Ouve o que relato sobre sua completa constituição.(4)
As ilhas por mim referidas têm a ilha Jambu no início e a Puṣkara ao final, ó afortunado, escuta agora o tamanho delas.(5) Uma ilha é o dobro da anterior: Jambu, Plakṣa, Śālmali, Kuśa, Krauñca, Śāka e a ilha Puṣkara.(6) Elas são envolvidas, por todos os lados, pelos oceanos de água salgada, caldo de cana, licor, manteiga clarificada, leite coalhado, leite e água, cada um o dobro do outro.(7) Explicarei agora a constituição da ilha Jambu. Presta atenção em mim: sua forma é redonda, com cem mil yojana na largura e na extensão.(8) Himavāt, Hemakūṭa, Niṣadha, Meru, Nīla, Śveta e Śṛṅgī são as sete montanhas fronteiriças.
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Śivasaṁhitā ||
īśvara uvāca || dehe’smin vartate meruḥ saptadvīpasamanvitaḥ | saritaḥ sāgarās tatra kṣetrāṇi kṣetrapālakāḥ ||1|| ṛṣayo munayaḥ sarve nakṣatrāṇi grahās tathā | puṇyatīrthāṇi pīṭhāni vartante pīṭhadevatā ||2|| sṛṣṭisaṁhārakartārau bhramantau śaśibhāskarau | nabho vāyuś ca vahniś ca jalaṁ pṛthvī tathaiva ca ||3|| trailokye yāni bhūtāni tāni sarvāni dehataḥ | meruṁ saṁveṣṭya sarvatra vyavahāraḥ pravartate ||4|| jānāti yaḥ sarvam idaṁ sa yogī nātra saṁśayaḥ ||5||
Mārkaṇḍeyapurāṇam ||
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Encontro do dia 12 de junho de 2009 (O corpo e os alentos)
É importante para o adepto do yoga conhecer os meios pelos quais ele dará um significado especial ao seu corpo, internalizando, por meio da prática, um conjunto de elementos sensoriais, simbólicos e sutis que ajudarão em seu progresso. O trecho abaixo colabora com essa grandiosa busca.
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Śivasaṁhitā || 3.1-9
īśvara uvāca || hṛdy asti paṅkajaṁ divyaṁ divyaliṅgena bhūṣitam | kādiṭhāntākṣaropetaṁ dvādaśāraṁ vibhūṣitam ||1|| prāṇo vasati tatraiva vāsanābhir alaṁkṛtaḥ | anādikarmasaṁśliṣṭaḥ prokto ’haṁkārasaṁyutaḥ ||2|| prāṇasya vṛttibhedena nāmāni vividhāni ca | vartante tāni sarvāṇi kathituṁ naiva śakyate ||3|| prāṇo ’pānaḥ samānaś codāno vyānaś ca pañcamaḥ | nāgaḥ kūrmaś ca kṛkāro devadatto dhanañjayaḥ ||4|| daśa nāmāni mukhyāni mayoktānīha śāstrake | kurvante te ’tra kāryāni preritāś ca svakarmabhiḥ ||5|| atrāpi vāyavaḥ pañca mukhyāḥ syur daśataḥ punaḥ | tatrāpi śreṣṭhakartārau prāṇāpānau mayoditau ||6|| hṛdi prāṇo gude ’pānaḥ samāno nābhimaṇḍale | udānaḥ kaṇṭhadeśe syād vyānaḥ sarvaśarīragaḥ ||7|| nāgādivāyavaḥ pañca kurvanti te ca vigrahe | udgāronmīlanaṁ kṣuttṛḍjṛmbhāṁ hikkāṁ ca pañcamīm ||8|| anena vidhinā yo vai brahmāṇḍaṁ vetti vigraham | sarvapāpavinirmuktaḥ sa vai yāti parāṁ gatim ||9||
No coração, há um lótus celestial adornado com um liṅga celestial, e embelezado com doze raios dotados das sílabas que vão de ka até ṭha. (1) Diz-se que o prāṇa está situado nele, está acompanhado pelas reminiscências, acompanhado pelas ações inatas e conectado ao senso de individualidade. (2) O prāṇa possui múltiplas denominações devido à diferença de suas atividades. Não é possível descrever todas as que existem. (3) Prāṇa, apāna, samāna, udāna e vyāna, que é a quinta. Nāga, kūrma, kṛkāra, devadatta e dhanañjaya. (4) Os dez principais nomes são os proferidos por mim neste tratado. Eles executam o ato devido em função de suas próprias ações. (5) Desses dez, cinco devem ser considerados os ventos (vāyu) principais. Eu digo que, dentre esses, o prāna e o apāṇa são os agentes superiores. (6) O prāṇa está no coração, o apāna no ânus, o samāna no círculo do umbigo, o udāna na região da garganta e o vyāna é o que percorre todo o corpo. (7) O nāga e os outros ventos, ao todo cinco, realizam, no corpo, o arroto, o piscar de olhos, a sede-e-fome, o bocejo e o soluço, que é o quinto. (8) Quem concebe o corpo como o ovo de Brahman, por meio dessa descrição, liberta-se de todas os males e alcança a esfera suprema. (9)
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Encontro do dia 29 de maio de 2009 (A sílaba Oṁ na Amṛtabindūpaniṣad)
Amṛtabindūpaniṣat ||
mano hi dvividhaṁ proktaṁ śuddhaṁ cāśuddham eva ca | aśuddhaṁ kāmasamkalpaṁ śuddhaṁ kāmavivarjitam ||1|| mana eva manuṣyāṇāṁ kāraṇaṁ bandhamokṣayoḥ | bandhāya viṣayāsaktaṁ muktyai nirviṣayaṁ smṛtam ||2|| yato nirviṣayasyāsya manaso muktir iṣyate | tasmān nirviṣayaṁ nityaṁ manaḥ kāryaṁ mumukṣuṇā ||3|| nirastaviṣayāsaṁgaṁ samniruddhaṁ mano hṛdi | yadā yāty unmanībhāvaṁ tadā tat paramaṁ padam ||4|| tāvad eva niroddhavyaṁ yāvaddhṛdi gataṁ kṣayam | etaj jñānaṁ ca mokṣaṁ ca ato 'nyo granthavistaraḥ ||5|| naiva cintyaṁ na cācintyam acintyaṁ cintyam eva ca | pakṣapātavinirmuktaṁ brahma sampadyate tadā ||6|| svareṇa saṁdhayed yogam asvaraṁ bhāvayet param | asvareṇa hi bhāvena bhāvo nābhāva iṣyate ||7|| tad eva niṣkalaṁ brahma nirvikalpaṁ niranjanam | tad brahmāham iti jñātvā brahma sampadyate dhruvam ||8||
Iniciação na Semente da Eternidade
A mente, explicam, é biforme: ou é pura ou então é impura;
ditada por desejos é a impura; livre dos desejos é a pura. (01)
Ensinam que a mente é instrumento de prisão ou de libertação;
a submissa aos objetos aprisiona, a insubmissa liberta. (02)
Sendo a libertação favorecida pela mente insubmissa aos objetos,
insubmissa aos objetos deve ser a mente do aspirante à libertação. (03)
Isenta do jugo dos objetos, a mente é refreada no coração
e então atinge o estado não mental, que é a esfera suprema. (04)
Deve mesmo ser refreada de modo a ser dissipada no coração;
é isso a gnose e a libertação e todo o resto é noção livresca. (05)
Não é concebível nem inconcebível, é inconcebível e concebível;
o absoluto, então realizado, não é apreendido por parcializações. (06)
O método é principiar com o som e realizar o não-som a seguir,
pois o ser, não o não-ser, é obtido por meio do estado de não-som. (07)
O absoluto é indiviso, inabalado, inemotivo; “eu sou o absoluto”,
aquele que tiver ciência disso assimila o absoluto para sempre. (08)
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Encontro do dia 22 de maio de 2009 (dhāraṇā)
O texto abaixo contém o sūtra de Patañjali que apresenta a dhāraṇā, seguido do comentário de Vyāsa, seguido, por sua vez, pelo comentário de Vijñānabhikṣu. A partir dessa tríplice exposição do tema, feita por autores que não se encontraram por terem vivido séculos de distância uns dos outros, é possível estudarmos e adentrarmos no conceito e na prática da "atenção" - virtude sem a qual não existe progresso no yoga.
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Vibhūtipādam
uktāni pañcabahiraṅgāṇi sādhānāni | dhāraṇā vaktavyā ||
deśabandhaś cittasya dhāraṇā ||1||
nābhicakre hṛdayapuṇḍarīke mūrdhni jyotiṣi nāsikāgre jihvāgre ity evam ādiṣu deśeṣu bāhye vā viṣaye cittasya vṛttimātreṇa bandha iti dhāraṇā ||
(...) deśabandhaś cittasya dhāraṇā | yatra deśe dhyeyaṁ cintanīyaṁ tatra dhyānadhāradeśaviṣaye cittasya sthāpanaṁ tadaikāgryaṁ dhāraṇety arthaḥ | tad etadbahyacaṣṭe – nābhīti | mūrdhni mūrdhasthe jyotiṣi | ādiśabdena gāruḍādyuktadeśāntarāṇi grahyāṇi | yathā gāruḍe –
prāṇnābhyāṁ hṛdaye vā’tha tṛtīye ca tathorasi |
kaṇṭhe mukhe nāsikā’gre netra bhrūmadhyamūrddhasu ||
kiṁcit tasmāt parasmiṁś ca dhāraṇā daśakīrttitāḥ |
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Livro do desenvolvimento
Foram explicadas as cinco práticas (que consistem) nas partes externas (do yoga). A atenção será descrita:
A atenção é a fixação da consciência em um meio. (1)
A atenção é a fixação da consciência, com o uso pleno de seus movimentos [vṛtti], no círculo [cakra] do umbigo, no lótus do coração, na luminosidade da cabeça, na ponta do nariz, na ponta da língua, entre outros meios, no âmbito externo.
(...) “A atenção é a fixação da consciência num meio”. A atenção é a permanência, com unidade de foco, da consciência sobre um meio de sustentação da meditação, no qual se medite e se faça consciente. Isto é, nos meio externos mencionados, como o umbigo. “Na cabeça” é na luminosidade situada na cabeça. Com a expressão “entre outros” [ādiṣu] afirma-se “nos demais meios” a serem apreendidos, conforme está dito em textos como o Garuḍa. Eis o Garuḍa (Purāṇa):
“De início, no umbigo e, depois, no coração,
em terceiro lugar, no peito.
Na garganta, na boca, na ponta do nariz, nos olhos,
no meio das sobrancelhas e na cabeça.
E em um lugar que está além dela.
A atenção é assim descrita como décupla.”
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Encontro do dia 15 de maio de 2009 (īśvara e praṇava oṁ)
svādhyāyād yogam āsīta yogāt svādhyāyam āsate |
svādhyāyayogasaṁpattyā paramātmā prakāśate | iti ||
A designação dele (īśvara) é o praṇava (oṁ). (27)
depois da meditação (yoga), que se faça a recitação (svādhyāya).
Por meio da plena realização da recitação e da meditação,
o eu supremo (paramātman) resplandecerá.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Encontro do dia 8 de maio de 2009 (samādhi)
atha yogānuśāsanam ||1||
atha iti ayam adhikārārthaḥ | yogānuśāsanaṁ śāstram adhikṛtaṁ veditavyam | yogaḥ samādhiḥ sa ca sārvabhaumaḥ cittasya dharmaḥ | kṣiptaṁ mūḍhaṁ vikṣiptam ekāgraṁ iti cittabhūmayaḥ | tatra vikṣipte cetasi vikṣipopasarjanībhūtaḥ samādhir na yogapakṣe vartate | yas tu ekāgre cetasi sadbhūtam arthaṁ pradyotayati, kṣiṇoti ca kleśān, karmabandhāni ślathayati, nirodham abhimukhaṁ karoti | sa samprajñāto yoga iti ākhyātate | sa ca vitarkānugato vicārānugata ānandānugato ‘smitānugata iti upariṣṭān nivedayiṣyāmaḥ | sarvavṛttinirodhe tu asamprajñātaḥ samādhiḥ ||1||
tasya lakṣaṇābhidhitsayā idaṁ sūtraṁ pravavṛte |
(...)
tadā draṣṭuḥ svarūpe ‘vasthānam ||3||
(...)
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Livro da Integração
Eis o ensinamento do yoga. (1)
A palavra “eis” (atha) significa “início”. Deve-se entender que uma escritura com o ensinamento do yoga foi iniciada. Yoga é integração e esta é uma virtude da consciência em todos os seus estados. Agitado, letárgico, distraído, centrado são os estados da consciência. Na mente agitada, a integração, sendo um estado subordinado às agitações, não se desenvolve sobre o yoga. Denomina-se yoga da percepção plena a que ilumina um objeto segundo sua real natureza, enfraquece as perturbações, afrouxa a prisão do carma e dá início à “interrupção”. Junto a isso, deve-se saber que ele é acompanhado pela reflexão, pela discriminação, pelo gozo e pela presença de si. Mas com a interrupção de todos os movimentos, ocorre a integração além da percepção plena.
Com o objetivo de defini-lo (o yoga) segue o aforismo:
Yoga é a interrupção dos movimentos da consciência. (2)
(...)
Com isso, o observador (obtém) estabilidade em sua própria forma. (3)
(...)
sábado, 25 de abril de 2009
Encontro do dia 24 de abril de 2009 (kleśa)
Abaixo seguem o texto sânscrito e a tradução estudados durante o encontro.
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Sādhanapādam
sa hi kriyāyogaḥ |
samādhibhāvanārthaḥ kleśatanūkaraṇārthaś ca ||2||
sa hy āsevyamānaḥ samādhiṁ bhāvayati kleśāṁś ca pratanūkaroti | pratanūkṛtān kleśān prasaṁkhyānāgninā dagdhabījakalpān aprasavadharmiṇaḥ kariṣyatīti, teṣāṁ tanūkaraṇāt punaḥ kleśair aparāmṛṣṭā sattvapuruṣānyatāmātrakhyatiḥ sūkṣmā prajñā samāptādhikārā pratiprasavāya kalpiṣyata iti ||
atha ke kleśāḥ kiyanto veti |
kleśā iti pañca viparyayā ity arthaḥ | te syandamānā guṇādhikāraṁ draḍhayanti, pariṇāmam avasthāpayanti, kāryakāraṇasrota unnamayanti, parasparānugrahatantrī bhūtvā karmavipākaṁ cābhinirharantīti ||
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Livro da Prática
Esse é de fato o yoga da ação.
Objetivando realizar a integração e enfraquecer as perturbações. (2)
Quem realmente executa (o yoga da ação) faz a integração realizar-se e enfraquece as perturbações. Ele fará com que as perturbações sejam enfraquecidas, como sementes queimadas pelo fogo da meditação, e incapazes de germinar. Com o enfraquecimento delas, intocada pelas perturbações e com a percepção plena da diferença entre o ser supremo e o estado de lucidez, a consciência torna-se sutil, tem seu poder recuperado e prepara-se para o estado de cessação.
Dessa forma, o que são perturbações e quantas são?
Insciência, individualidade, desejo, aversão e subsistência
são as cinco perturbações. (3)
Isso significa que as perturbações são cinco equívocos. Quando ocorrem, elas fixam o poder dos atributos (da matéria), sustentam os desdobramentos (dos fenômenos), aumentam o fluxo das causas e efeitos e, tornando-se uma rede de apoio mútuo, entregam-se aos produtos das ações.
sábado, 18 de abril de 2009
Encontro do dia 17 de abril de 2009 (kriyā-yoga)
Dessa forma, estudamos os sentidos de tapas, svādhyāya e īśvarapraṇidhāna para a realização do yoga, considerando tanto as definições que o comentário de Vyāsa dá a essas práticas, como seu uso na vida cotidiana.
Seguem abaixo o texto original e a tradução:
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Sādhanapādam
kathaṁ vyutthitacitto’pi yogayuktaḥ syād ity etad ārabhyate –
tapaḥsvādhyāyeśvarapraṇidhānāni kriyāyogaḥ ||1||
nātapasvino yogaḥ sidhyati |anādikarmakleśavāsanācitrā pratyupasthitaviṣayajālā cāśuddhir nāntareṇa tapaḥ saṁbhedam āpadyata iti tapasa upādānam |
svādhyāyaḥ praṇavādipavitrāṇāṁ japo mokṣaśāstrādhyayanaṁ vā |
īśvarapraṇidhānaṁ sarvakriyāṇāṁ paramagurāv arpaṇaṁ tatphalasaṁnyāso vā ||
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Livro da Prática
Foi ensinado o yoga para aquele que tem a mente equilibrada.
“Como alguém que possui a mente instável pode realizar-se no yoga” é este (Livro) que começa:
Austeridade, estudo-próprio, entrega-ao-supremo são o yoga da ação (1).
O yoga não é realizado por quem não tem austeridade.
E a impureza – variada pelas atitudes, aflições e reminiscências sem origem, que traz uma rede de objetos envolventes – não é dissipada sem austeridade. Por isso, a presença da austeridade.
Concebe-se que esta, não agredindo a lucidez da consciência, deve ser exercida por ele (o adepto).
Estudo-próprio é a recitação dos purificadores como o Pranava, e similares, ou o estudo das escrituras de libertação.
Entrega-ao-supremo é a oferta de todas as ações ao maior preceptor ou o total abandono de seus frutos.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Sobre o Grupo de Estudos e Leitura
A idéia do grupo de estudos surgiu a partir do desejo dos alunos do Curso de Formação de Professores da Escola de Yoga Carmen Perez de aprofundar os temas tratados durante as aulas e manter uma rotina semanal no estudo do yoga, com leituras de seus ensinamentos filosóficos, místicos, metafísicos e psicológicos. Devido a esse anseio se estender aos praticantes de yoga em geral, criamos um grupo aberto, voltado a alunos e a professores, independentemente da linha seguida.
Objetivos e métodos
O Grupo de Estudos, diferentemente de um curso, tem caráter permanente. Nossa proposta é praticar o yoga por meio dos ensinamentos que os antigos yogues nos deixaram, recorrendo às upaniṣad-s (Amṛtabindu, Kathā, Yogatattva...), aos tratados de yoga (Yoga-sūtra, Haṭhayogapradīpikā, Gheranda-saṁhitā, Shiva-samhitā...) e às escrituras tântricas (Vijñanabhairava, Shiva-sūtra, Malinīvijayottara-tantra, Tantrāloka ...), entre outras obras, para intensificar e aprofundar a presença do yoga na vida e, conseqüentemente, ampliar as percepções sobre o que é o yoga e os vários modos de praticá-lo. Dessa forma, o intuito de ler e estudar trechos e capítulos dessa infinidade de obras não é simplesmente apreender intelectualmente seus conteúdos, mas despertar, na própria consciência, os meios internos para alcançar os conhecimentos elevados, por meio da busca sincera, que envolve práticas meditativas e reflexão .
"Projetando a mente no centro da shakti
e a shakti no centro da mente,
ao ter a mente observada pela mente,
há de concentrar-se sobre o estado supremo:
vazio por dentro e vazio por fora:
como um jarro no céu
e cheio por dentro e cheio por fora:
como um jarro no oceano."
(Hathayogapradîpikâ)