quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Encontro do dia 14 de agosto de 2009 (prakṛti, kāla)

Continuando o Ensinamento de Kapila, o trecho seguinte expõe a cosmologia do ponto de vista da Prakṛti.

Obs.: nessa descrição, o tempo ocupará um papel especial no questionamento acerca da existência humana. Será ele uma cirscunstância da materialidade ou será o tempo um atributo da consciência? O ensinamento de Kapila expõe que existem aqueles que dizem que o tempo é um desdobramento da materialidade e há aqueles que o concebem como a potência do divino que é responsável pelo processo que deu início a toda a criação do cosmo. A afirmação conclusiva é que o tempo é a expressão do divino nas criaturas: o divino manifesta-se internamente como consciência e externamente como o tempo. Entenda-se aí o tempo como aquele que promove a mutabilidade das formas, a transformação, o nascimento, a morte, o nascimento, a transformação, etc.

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Kapilopadeśaḥ (2.9-14)
devahūtir uvāca | prakṛter puruṣasyāpi lakṣaṇaṁ puruṣottama | brūhi kāraṇayor asya sadasac ca yadātmakam ||9|| 
śrībhagavān uvāca | yattriguṇam avyaktaṁ nityaṁ sadasad ātmakam | pradhānaṁ prakṛtiṁ prāhur aviśeṣaṁ viśeṣavat ||10|| pañcabhiḥ pañcabhiḥ brahma caturbhir daśabhis tathā | etac caturviṁśatikaṁ gaṇaṁ prādhānikaṁ viduḥ ||11|| mahābhūtāni pañcaiva bhūr āpo ‘gnir marun nabhaḥ | tanmātrāṇi ca tāvanti gandhādīni matāni me ||12|| indriyāṇi daśa śrotraṁ tvakdṛgrasanāsikāḥ | vāk karau caraṇau meḍhraṁ pāyur daśama ucyate ||13|| mano buddhir ahaṁkāraś cittam ity antarātmakam | caturdhā lakṣyate bhedo vṛttyā lakṣaṇarūpayā ||14||  etāvān eva saṁkhyāto brahmaṇaḥ saguṇasya ha | saṁniveśo mayā prokto yaḥ kālaḥ pañcaviṁśakaḥ ||15|| prabhāvaṁ pauruṣaṁ prāhuḥ kālam eke yato bhayam | ahaṁkāravimuḍhasya kartuḥ prakṛtim īyuṣaḥ ||16|| prakṛter guṇasāmyasya nirviśeṣasya mānavi | ceṣṭā yataḥ sa bhagavān kāla ity upalakṣitaḥ ||17|| antaḥ puruṣarūpeṇa kālarūpeṇa yo bahiḥ | samanvetyeṣa sattvānāṁ bhagavān ātmamāyayā ||18||
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O Ensinamento de Kapila

Devahūti disse:
Ó, Grande Ser (puruṣottama), fale sobre a constituição da prakṛti e também do puruṣa, sobre sua causa, sobre fenômeno, não-fenômeno e essência. 
O Venerável disse:
A tríade gunádica (triguṇa) imanifesta, eterna, é fenômeno, não-fenômeno e essência, considerada como pradhāna. A prakṛti é a não diferenciação como que diferenciada. Considera-se o pradhāna, ou brahman, como um conjunto de vinte e quatro partes, composto com cinco, cinco, quatro e dez. Os mahābhūta são cinco, terra, água, fogo, ar e éter. Os tanmātra têm igual número, concebidos por mim como aroma, etc. (rasa, rūpa, tvac, śabda). Os indriya são dez: audição, tato, visão, paladar, olfato, voz, mãos, pés, pênis e ânus. Mente, intelecto, individualidade e consciência (manas, buddhi, ahaṁkāra e citta) são o antarātman, cuja divisão em quatro é percebida como forma de descrição de suas funções.  Esse é o cômputo de brahman com atributos (saguṇa). Eu considero o tempo (kāla) como o vigésimo quinto aspecto. Alguns consideram o tempo (kāla) como um poder relacionado ao puruṣa, de onde provém o medo dos agentes iludidos pela individualidade e identificados com a prakṛti. O tempo (kāla) é descrito como o Venerável, do qual provém a ação sobre o equilíbrio dos atributos (guṇa) da prakṛti não diferenciada, ó humana. O Venerável, pela potência construtiva (māyā) de si próprio, é aquele que se conecta ao interior de todos os seres sob a forma do puruña e ao exterior, sob a forma do tempo (kāla).

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